sexta-feira, 29 de julho de 2011

Coluna Luciano Eurides

UMA PÁGINA HISTÓRICA
Divinópolis viveu na tarde de ontem um dia histórico. Uma força tarefa atuou efetivamente em uma aferida exposta e doída para nós, os munícipes. A retirada das pessoas do chamado ‘carrapateiro’ é a maior obra de redistribuição de impostos pagos. Esses seres humanos merecem tratamento digno. Possuem alma e espírito e não podem viver como animais. Alguma coisa deveria e foi feita. Pagamos altos impostos e queremos vê-los se transformando em bem comum. Aeroporto? Trincheiras? Trilhos? Todas essas obras tem um grau de importância para uma parte(as vezes muito pequena) da população. O Aeroporto é para quem usa avião, a trincheira se está motorizado. As ferrovias já foram privatizadas e ainda custam dinheiro publico. Por muitos anos se esqueceu de investir no mais importante: no ser humano.
A permanência de pessoas usando crack ao lado dos nossos craques do Flamengo e Guarani era um atentado ao futuro dessa cidade. Não se tinha paz em saber que uma criança ou adolescente iria jogar futebol cercada de uma cracolândia. Quantos pais, mães, avós, tios, técnicos e mesmo jogadores da cidade e visitantes, não ficaram apreensivos? O futebol é uma ferramenta muito eficaz no combate a droga, na inserção social e educação. Essa ferramenta perdia espaço (físico) para o crack. Uma droga nova, ainda com sequelas a serem conhecidas, os filhos do crack estão nascendo depois de uma gestação na promiscuidade e perda da própria estima.
Um basta era o pedido de todos os pagadores de impostos. Ele veio. As pessoas levadas para o ginásio poliesportivo do Niterói e recebendo uma primeira reinserção social. O dia 28 de julho deve ser revivido todos os dias, até o desaparecimento, a erradicação da droga. O dinheiro público (do povo) é sem duvida alguma para ser usado nessas horas. Investimento no resgate do ser humano, nada mais digno.
Essa coluna não tem nenhuma influencia partidária. Politica sim. Fazemos politica quando decidimos lutar pelo esporte, educação, saúde e lazer, isso sem siglas. E não serei nada radical em dizer que a última obra em Divinópolis de tamanha redistribuição do nosso dinheiro, hoje sob guarda dos poderes políticos constituídos, foi o restaurante popular. Nosso dinheiro, não meu e nem seu. Nosso (meu e deles também) colocados a serviço, seja  na alimentação, direito mínimo de uma pessoa.
Os ‘craqueiros’, tantas vezes colocados como ‘marginais’, e não deixam realmente de serem jogados a margem da sociedade, são fruto da desigualdade e corrupção que impera nesse país. Escondidos atrás da pior droga existente nessa cidade, está uma história de vida.
O Flamengo leva anos para formar o cidadão. O Guarani anos para formar um ou talvez dois jogadores. O crack em um ano e meio leva a pessoa a perda de tudo, inclusive a estima própria.
Em nome dos atletas, amigos, familiares tanto do Guarani e principalmente do Flamengo, nosso muito obrigado as autoridades constituídas. Além de devolver o espaço físico, irão promover a dignidade dessas pessoas e darão uma aula de cidadania aos garotos do nosso futebol.  A partir de 28 de julho, o Flamengo voltará a se orgulhar em receber delegações de todo o estado sem o ‘carrapateiro’ como cartão postal.
Muito ainda há de ser feito. Foi apenas um passo. Essa caminhada é longa, dolorida, cheia de desistências e repentes. Com fé em Deus, pessoas certas do lado, cada uma poderá estar sóbria (lúcida) para dizer: Quero viver! A partir desse momento a transformação acontece. Não sei como, ela acontece. Já aconteceu com tanta gente, porque não com eles.
Normalmente encerro minha coluna com uma foto. A maioria delas de atletas com potencial e elas servem para não deixar o próprio garoto se esquecer das próprias qualidades. Não farei isso, pois todos os atletas que conviveram com esse câncer social e souberam tirar dessa situação sub-humana uma lição de vida, não apenas da cidade, mas também as delegações visitantes, já provaram serem homens melhores que essa geração desumana e que deixou a droga entrar em cada canto. O futuro será melhor!

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