quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Guarani 80 anos: Histórias Memoráveis




Em 80 anos de história, há muito para se contar. Nas famosas “resenhas” no Farião, todas as histórias, boas, ruins, engraçadas, polêmicas, vem a tona e um dos personagens que contam com detalhes, as histórias bugrinas é Ricardo Lúcio. Narrador esportivo das Rádios Divinópolis AM e Candidés FM, Ricardo acompanha o Bugre desde o início de sua carreira, aos 18 anos. “Acho que de umas 500 partidas do Guarani, devo ter narrado quase umas 400” conta.
Hoje, é ele que escreve o Especial Guarani 80 anos, contando três histórias, das tantas que o marcaram na cobertura do Bugre. Contadas nas palavras de Ricardo que fazem o torcedor mais antigo relembrar e o mais novo descobrir a, cada vez mais rica história do velho Guarani. Essa e outras matérias podem ser conferidas no site oficial do Guarani.

A saga até Teófilo Otoni
Essa viagem foi terrível. Campeonato mineiro da Segunda Divisão de 1989. O Guarani viajaria para Teófilo Otoni para enfrentar o Santo Antônio, às 10h30min de um domingo. A saída estava marcada para as 9h da manhã, no sábado, dia anterior. Todos no Farião, mas cadê o ônibus? O presidente da época, Reinaldo Cunha descobriu que a empresa se recusava a liberar o carro, pois o Guarani devia algumas viagens.
O presidente teve que se virar e conseguiu um ônibus antigo, daqueles que o motor fica lá dentro ao lado do motorista e com bancos duros. O típico ônibus de transporte coletivo municipal.
A viagem que era para começar às 9h começou somente às 14h. O ônibus não passava dos 90 km/h por causa da fiscalização. O time pegou o técnico Célio Lara, debaixo de uma arvore em Belo Horizonte, branco de fome e sede, pois estava tudo atrasado.
A chegada em Teófilo Otoni foi às 3 horas da manhã do domingo. Jogo às 10h30min. Os jogadores tiraram um cochilo rápido na “pensão do Miro”. Às 8h, todos de pé para um café leve e a ida para o Estádio Nassri Mattar. Jogo difícil, um sol para cada um. A imprensa transmitindo o jogo no sol, a beira do gramado, pois não havia cabines. Depois de segurar uma pressão terrível, o Guarani marcou seu gol aos 43 minutos do 2º tempo com Carlos Roberto. Quando todos pensavam que a partida terminaria aí, o arbitro Floriano Lopes Gontijo, deu um pênalti para o Santo Antonio aos 49 minutos. Confusão generalizada. Aos 59 minutos, finalmente o pênalti foi cobrado por Amarildo e Hermes defendeu. Final: Santo Antonio 0 x 1 Guarani.

O feito do “Guará-galo”
Campeonato mineiro de 1984. O presidente do Guarani, Edilson de Oliveira (o mesmo atual), num gesto de coragem fechou uma parceria com o Atlético, que mandou para Divinópolis um time completo, mais uma comissão técnica com Zé Maria Pena de treinador e Mauricio de Oliveira (irmão de Marcelo Oliveira) como preparador físico. O time fazia uma campanha espetacular no 1° turno, vencendo todos os adversários do interior e empatando com o América no Mineirão em 0 x 0 e perdendo somente de 1 x 0 para o Cruzeiro também no Mineirão.
Veio o jogo esperado contra o Atlético, numa quarta feira à noite, no Mineirão. Todos nos vestiários, quando de repente chega uma informação. O presidente do Atlético à época, Elias Kalil (pai do atual presidente Alexandre Kalil) não estava permitindo que os jogadores do Atlético participassem da partida defendendo o Guarani, pois o Galo é quem pagava os atletas e não o Guarani. Houve uma revolta geral, com vários jogadores ameaçando abandonar a carreira e o próprio Zé Maria falando também em sair das categorias de base do Atlético. Edilson de Oliveira conseguiu convencer o presidente do Galo a deixar os meninos jogarem.
No primeiro tempo o Atlético sufocou e o goleiro Martinelli que era emprestado pelo Atlético, teria simulado uma contusão para não continuar enfrentando Reinaldo e cia. Entrou no gol um jovem revelado nas categorias de base do Guarani; Geovani, mais conhecido como Passos que fechou o gol.
No segundo tempo, Alisson emprestado pelo Atlético marcou o gol da vitoria em João Leite o Guarani venceu por 1 x 0. O time base teve Martineli depois Passos, Joel, Luciano, João Pedro e Madson, Maxwell, Taú e Helinho, Carlinhos, Alisson e Riva.
Ao final do jogo, o falecido Adelchi Ziller teria dito para o presidente Elias Kalil no elevador do Mineirão: “O Atlético perdeu para ele mesmo”.

A superação e a estréia de Fernando Roberto
Estávamos em 1977. O time divinopolitano era o ultimo colocado daquele ano no campeonato mineiro. Já tinha perdido cinco jogos e a diretoria da época já falava em pedir licença na FMF por causa dos problemas que o time vinha enfrentando, dentro e fora de campo. Até que conseguiram o empréstimo de Fernando Roberto junto ao América Mineiro, mais os reforços de Hermes (goleiro do que veio do Uberlândia) e Jeremias que chegou da Caldense.
Na estréia de Fernando Roberto, jogo numa quarta feira a noite no Farião, o adversário era o Nacional de Uberaba, que havia vencido o Cruzeiro no Mineirão no domingo anterior por 1 x 0, com o goleiro Pirangí, do Nacional sendo o melhor em campo.
Logo no começo do jogo, o Nacional marcou 1 x 0 e já começou a assustar os torcedores, mas Fernando Roberto, marcando dois gols, Cecílio e Felpa viraram o placar e o Guarani finalmente conseguiu sua primeira vitória no campeonato mineiro de 77. Guarani 4 x 2 Nacional de Uberaba.
Depois do jogo Fernando Roberto sorrindo disse o seguinte: “Marquei o 1° gol e fui ao alambrado comemorar com os torcedores. Me deram dinheiro e o coloquei no meião. No segundo gol fiz a mesma coisa e ganhei dinheiro novamente. Foi a primeira vez na minha vida que vi isso acontecer”.

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