O Renascimento
O mascote do Guarani é o Tamanduá, mas se fosse a lendária ave Fênix, que segundo a mitologia tem o poder de renascer das cinzas, também seria aceitável, devido a tradição que o clube tem em dar a volta por cima, quando ninguém mais parece acreditar. São jogos, campeonatos, períodos em que o clube se encontrava em situação difícil, mas que soube se reerguer de forma magnífica, sabendo exaltar as cores vermelha e branca que carrega.
Em 2010 tivemos um dos maiores exemplos dessa bela história, que culminou no recente título mineiro do Módulo 2. De um abandono total ao título mineiro, uma coisa que só um time com a camisa, tradição e a força que tem o Guarani consegue fazer. A história de 2010 todo mundo já conhece, por isso vamos relatar aqui alguns casos, que mostram um outro período de renascimento, e três jogos, nos quais provam que mesmo em momentos difíceis, o Bugre não é um time que se pode dar por vencido.
Segundo o locutor esportivo Ricardo Lúcio, das rádios Divinópolis AM e Candidés FM, após a grande campanha de 1961, o Guarani passou por dificuldades. O clube se ausentou do profissionalismo durante 9 anos, de 1966 a 1975. A idéia de voltar ao profissional surgiu com o saudoso Zânio Gontijo e com o não menos saudoso Waldemar Teixeira de Faria. E no dia 06 de Março de 1976, o Guarani fazia sua estréia no campeonato mineiro daquele ano, o primeiro jogo no retorno ao profissional. A partida foi num sábado, à noite no Estádio Adriano Mauricio (hoje Farião) contra o Nacional de Muriaé. A expectativa era grande por parte de todos os torcedores, que como sempre, lotavam o estádio para ver novamente o Tamanduá entre os profissionais.
Para este retorno, o Bugre buscou seus representantes em sua essência: tinha um time formado em sua grande maioria, por vários jogadores do futebol amador da cidade, que haviam sido campeões no ano anterior. O América-MG cedeu alguns poucos atletas para completar o elenco.
Prá variar, a partida foi dificil, o Nacional de Muriaé numa retranca dificultava para o Guarani, que criava as oportunidades e esbarrava nas grandes defesas do goleiro Arésio. Finalmente aos 36 minutos do segundo tempo, o gol salvador marcado por Heleno Maia, chutando em diagonal da direita, a bola entrou no angulo direito de Arésio fazendo 1x 0 para o bugre que começava com pé direito sua volta ao futebol profissional. O Guarani tinha Helinho, Bosco, Serginho, Miltinho, Rubinho, Acesita, Serjão, Marquinhos e Puxa como os principais destaques.
A partir dali, até então, o Guarani se mantém no profissionalismo, consolidando assim como um dos clubes mais tradicionais do futebol mineiro.
Ricardo Lúcio conta ainda que no dia 27 de julho de 1.985 o Guarani conseguiu uma das maiores façanhas de sua história. Venceu o Cruzeiro no Mineirão de virada, num tarde de gala para os torcedores do Cruzeiro, já que o time estava fazendo a estréia do artilheiro Mirandinha (ex-Palmeiras), que estava vindo do futebol inglês.
Naquela oportunidade, o Guarani era o lanterna do campeonato mineiro e sem chances de sair da segunda divisão. Num jogo onde a estrela maior era o Mirandinha, foi exatamente ele quem marcou o primeiro gol no primeiro tempo, fazendo Cruzeiro 1x0.
Na etapa final, houve uma falta perto da área. Coca cobrou para o Guarani, no angulo. O goleiro Ademir Maria, do Cruzeiro na tentativa da defesa bateu com a mão na trave e acabou fraturando a mão esquerda e o Guarani empatou em 1x1.
Como o Cruzeiro não podia mais fazer alteração, o zagueiro Ailton foi para o gol e num chute da intermediária, o jogador Rogério que foi emprestado ao Guarani pelo Cruzeiro, acabou virando o jogo e o bugre venceu por 2x1.
O técnico do Guarani na oportunidade era Geraldo Magela.
Nunca subestime o bugre. Ainda mais dentro do Farião
Dois jogos, da história recente do Guarani provam o porquê dessa frase. No ano de 2001 o Guarani fez uma de suas piores campanhas no Campeonato Mineiro. Na 5ª rodada, o time tinha pela frente uma das equipes mais temidas do cenário nacional até então: o Cruzeiro, que trazia Sorín, Geovanni, Oséas e no banco, Luiz Felipe Scolari. O senso comum apontava uma vitória fácil do time da capital, mas não foi isso que aconteceu. Maurício aprensentou seu cartão de visitas a Sorín, quando o aplicou um “elástico” desconcertante para marcar o 1º gol. O Cruzeiro chegou a virar, mas após buscar o empate, Hgamenon aos 43 do 2º tempo acertou um chute de fora da área, que encobriu Jefferson e deu a vitória ao time divinopolitano.
Em 08 de fevereiro de 2008, o Guarani enfrentaria o América, em jogo adiado da 1ª rodada do campeonato. Após perder por 4 x 0 para o Cruzeiro na estréia e um empate por 0 x 0 contra o Ituiutaba, o Bugre entrava com a obrigação de vencer. Haender fez 1 x 0 Guarani. O América fez 3 x 1, com gols de Márcio Diogo, Caçapa e Maranhão. A charanga alvi-verde fazia um barulho que chegava a ser estridente dentro de mais de 2000 ouvidos dos torcedores do Guarani. O silêncio que tomava conta do Farião era enorme. Mas um camisa 16, de nome Jajá, entrou iluminado no jogo. E com apenas 15 minutos marcou 3 gols, dando a vitória ao Bugre por 4 x 3 e escrevendo uma das páginas mais marcantes da história do Farião.
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